Entrevista de Hozier para a Rockaxis, do Chile
- Portal Hozier Brasil
- 15 de mai.
- 4 min de leitura
15 de Maio de 2025
Por Matias Arteaga S.
Desde que explodiu na cena global com o hino "Take Me to Church", Hozier consolidou uma carreira marcada pela sensibilidade poética, profundidade espiritual e uma conexão genuína com seu público. Sua mistura de soul, folk, blues e rock o tornou uma figura única no panorama contemporâneo, capaz de mobilizar multidões com uma intensidade íntima e comovente.
O irlandês fez sua estreia em solo chileno com uma passagem aclamada pelo Lollapalooza 2024, onde apresentou um dos shows mais comentados do festival. Sua voz e presença conquistaram milhares de pessoas que o aguardavam há anos, e esse primeiro encontro deixou uma promessa no ar: voltar. Essa promessa será cumprida no próximo dia 24 de maio, quando ele se apresenta pela primeira vez em um show solo no Movistar Arena, em Santiago, como parte de sua turnê mundial Unreal Unearth.
A poucos dias do reencontro, conversamos virtualmente com o artista sobre seu momento criativo atual, a emoção de voltar ao Chile, sua conexão com o público latino-americano e o fenômeno por trás de seus sucessos.
Você voltará ao Chile no dia 24 de maio para um show no Movistar Arena. Quais são suas expectativas para essa apresentação?
Estou muito empolgado para tocar no Chile em um show só meu, com ingressos comprados diretamente pelos meus fãs. É a minha primeira vez com um show solo aí, e a recepção que tive no ano passado foi incrível. Estou muito ansioso para me conectar com o público mais uma vez.
É verdade, porque você tocou no Lollapalooza no ano passado. Como foi essa experiência para você e o que te motivou a voltar tão cedo com um show solo?
Foi uma experiência maravilhosa. O público foi muito caloroso, encantador e acolhedor. Foi realmente encorajador, então estou muito feliz por voltar e repetir isso. Além disso, foi uma semana muito especial para mim: estávamos prestes a lançar "Too Sweet" ou ela tinha acabado de sair, então tenho muitas boas lembranças desse momento, dessas apresentações e de tocar no Lollapalooza Chile pela primeira vez.
Você pode nos adiantar o que os fãs de Santiago podem esperar? Haverá surpresas ou momentos especiais?
Não tenho certeza. Queremos tocar músicas dos três álbuns e levar aquele show que fiz no ano passado para a América do Sul, para o Chile. Não quero estragar a surpresa revelando a setlist, mas estou empolgado. Isso já torna tudo especial.
Seu último álbum é profundamente inspirado na Divina Comédia, de Dante. Como você traduz esse conceito para o palco?
Às vezes, com a produção, tentamos refletir alguns dos sentimentos ou tons do livro. Mesmo que seja algo elementar, representamos nas telas e na produção visual. Foi um desafio divertido pegar imagens e cenas do Inferno e explorá-las dentro do pop e do rock. Levar isso para o palco foi outro desafio, mas aproveitamos muito.
"Too Sweet" se tornou seu primeiro número 1 tanto na Billboard Hot 100 quanto nas paradas do Reino Unido. Você esperava esse tipo de sucesso?
Não com "Too Sweet". Foi uma surpresa. Nunca se pode prever o que vai conectar com as pessoas nem como. Eu não estava preparado para que essa música se tornasse o que se tornou, mas sou profundamente grato por isso. Às vezes, as músicas que você menos espera são as que mais surpreendem.

Como você sente que essa turnê te ajudou a crescer como artista? O que descobriu sobre si mesmo e sobre seu público durante a turnê?
Muitas das músicas que lancei no ano passado foram finalizadas enquanto eu estava em turnê, então, quando você encontra o equilíbrio certo, é possível realizar muita coisa. Sempre que estou na estrada, tento encontrar esse equilíbrio e ver o que é possível. Ter conseguido terminar material enquanto fazia shows foi uma grande conquista. Claro, também tem suas limitações, mas foi uma experiência nova e muito valiosa.
Você colaborou recentemente com artistas como Noah Kahan e Lucy Dacus. O que te atrai nessas colaborações?
Eu adoro a energia crua da música do Noah e a honestidade em Northern Attitude. É uma música linda, uma das minhas favoritas do disco. Além disso, a Irlanda costumava ser chamada de Hibernia, que significa "terra do inverno", e essa música fala sobre crescer no frio, o que ressoou muito comigo. Ele é um grande compositor. A Lucy Dacus é uma compositora incrível, além de uma pessoa maravilhosa para conversar e compartilhar. As letras dela são impressionantes, e participar de Bullseye, do último álbum dela, foi um verdadeiro prazer.
Muitos fãs, incluindo membros da comunidade LGBTQ+, sentem uma conexão profunda com a sua música. Como você percebe e acolhe esse vínculo?
Vejo isso especialmente nos shows. Sinto uma representação real da comunidade LGBTQ+ no público. Espero que meus shows sejam percebidos como espaços seguros e acolhedores para essas pessoas. Meu primeiro videoclipe abordava leis implementadas na Rússia naquela época, que eram abertamente anti-LGBTQ+ e permitiam ataques horríveis contra jovens queer. Eu me preocupava com o risco de essa cultura se espalhar pelo mundo – e, infelizmente, em parte, isso aconteceu. Tento falar com o coração sobre temas de consciência, sobre os direitos LGBTQ+, especialmente em tempos como os de agora, em que sinto que essa comunidade está sendo usada como bode expiatório. Só espero que minha música e meus shows ofereçam um espaço de acolhimento.
Suas influências incluem artistas como Nina Simone e Tom Waits. Como essas inspirações moldaram sua forma de compor hoje em dia?
São artistas muito diferentes. Eu era obcecado por Tom Waits na adolescência. E Nina Simone me fascinava desde criança, mesmo que eu não entendesse totalmente sua arte até crescer. Tom Waits é um artista muito visual. Ele cria mundos com personagens, dá nomes a eles e os habita. Embora eu faça um tipo de música bem diferente, essa narrativa influenciou bastante meu trabalho, especialmente no Unreal Unearth. Nina Simone também pintava cenas, mas com uma honestidade brutal e uma consciência social muito poderosa. Com o passar dos anos, fica ainda mais evidente o quanto a obra dela foi – e ainda é – necessária.
Para encerrar, o que vem depois dessa turnê? Você está trabalhando em novas músicas ou planejando futuras colaborações?
Sim, estou trabalhando em novas músicas. Durante a turnê, tento dar forma a isso tudo. Ainda não sei bem como as coisas vão se desenvolver, mas há pequenas ideias aqui e ali. Não posso contar muito por enquanto, mas espero que algumas colaborações se concretizem.
Matéria original: https://www.rockaxis.com/rock/entrevista/46662/hozier-espero-que-mis-conciertos-sean-un-espacio-seguro-y-de-apoyo-para-todos-/
Tradução: Portal Hozier Brasil